Fim de tarde de domingo e ainda não saímos de Venâncio Aires, ainda não terminamos a via sacra. Já visitamos todos parentes para no despedirmos, a não ser pela avó paterna, nosso próximo destino. Logo à sua porta, era possível sentir o cheiro de suas guloseimas recém saídas do forno. Bastava tocar a campainha para que fôssemos atingidos por uma explosão de aromas. E ela preparava de tudo, desde doce de figo, doce de leite com amendoim, a pão de milho e suas deliciosas bolachas de natal.
Sentávamo-nos á varanda, logo abaixo do enorme pinheiro plantado por meu pai em sua infância e saboreávamos aqueles simples biscoitos com açúcar colorido aos quais eu e minha irmã nos apegamos muito. Então, quando o céu já escurecia, despedíamo-nos e começávamos a nossa viagem de volta a Caxias do Sul.
Bons tempos, até hoje me lembro daquela combinação de eventos que marcaram minha infância. Como as coisas mudam.
Nos dias atuais, minha avó não cozinha mais. Ela teve câncer no intestino, foi operada e até depende da minha dinda e do meu pai. Eu descobri meu diabetes e já não posso comer nada açucarado do jeito que ela preparava. Já a minha irmã, faz dois meses, descobriu que é celíaca, não pode ingerir glúten. Que desgraça. As coisas são assim mesmo, quando algo bom e inesquecível passa pela nossa vida, só no futuro, quando não é mais possível reproduzi-lo, é que reconhecemos seu valor.
25/03/11
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